segunda-feira, 20 de abril de 2009

Bate-Bola: Karate Kid V - O Caminho da Disciplina








Quando era criança ficava apavorado com as histórias que ouvia - geralmente do meu pai e tios - sobre como era sofrida, a nada confortável estadia de um jovem alistado no exército. Tais histórias, grossamente exageradas é claro, era o que havia de melhor para os meus carrascos domésticos particulares fazerem aquele terrorismo psicológico no tímido e franzino futuro escritor deste texto. Mas confesso que de todos os elementos que envolviam desde banhos de água gelada de madrugada até tomar sangue de galinha, o pior pra mim, sem dúvida, era ouvir sobre a terrível disciplina cobrada nessa fazenda de criação para protótipos de Rambo.

Aliás, pra nós, mamíferos pensantes, 'o topo da evolução', frases como "organize seus afazeres", "primeiro a obrigação, depois a diversão", "levante mais cedo pra estudar" soam como verdadeiras ofensas e produzem ainda mais vontade de contrariá-las, fala sério...

Só que a coisa pega em uma lacuna que nós, geração coca-cola, sempre esquecemos: resultados a longo prazo. Quem tá acostumado com pipoca de microondas e sorvete expresso no Mc Donald's não gosta muito de pensar em "coisas que demoram pra acontecer" (exceto para alguns ambiciosos quando se fala em dinheiro, forma física e carreira profissional).
Eu pessoalmente, tenho um problema sério em acordar cedo, e fico triste que meu trabalho não tenha adotado ainda o sistema de "deixar a gente entrar na 2ª aula".

Mas sabe... depois de ver muitas das coisas incômodas que meus pais insistiram comigo pra que eu fizesse, dando seus resultados, aprendi que às vezes (não acredito que vou dizer isso) a disciplina pode ser uma boa idéia. Ela é um "encheção-de-saco" pra se adquirir, mas quando já se tem em determinada área, é como ligar no piloto automático. Sei lá, pelo menos acho que é mais prazeroso limpar o quarto por conta própria do que por ameaça de ter a mesada suspensa ou o videogame confiscado. E quem lembra do mané do Daniel San que odiava ficar dando uma de faxineira na casa do mestre Miyagi? O cara quebrou a cara de todo mundo por que aprendeu Karatê limpando janela (pra nós que já ouvimos até fábula de raposa que fala, dá um desconto e fica com a moral da história, ok)!

Sem querer parecer o Pat Morita, mas quando se entende o valor da disciplina, se entende também que dá pra crescer muito mais em diversas áreas que ainda pouco desenvolvidas. Os japoneses - por mais estranhos que sejam - devem quase toda a sua evolução tecnológica-econômica nos últimos 50 anos principalmente a uma cultura que honra a disciplina (tá bom que aquilo lá já é exagero, mas fica de novo com a moral da história).

Hoje vejo que se eu não tivesse persistido, mesmo com os dedos calejando, não teria aprendido violão por exemplo, e fico muito satisfeito por ter sido paciente, essa habilidade a mais já me gerou uma série de benefícios. Comprei agora um teclado e uma flauta, e o jeito vai ser me empenhar nos exercícios mortalmente massantes de dó-ré-mi-fá durante um tempo pra depois usufruir de verdade da habilidade mutante de ter dedos que pensam por si próprios.

Bom, acho que a mensagem do Titio era essa. E lembrem-se crianças, nada de ficar à noite perto da lareira, vão acabar fazendo xixi na cama. Depois de refletir sobre toda essa história, fico pensando que a idéia do alistamento poderia até ter sido uma boa...












Hummm... Pensando bem, acho que não.

3 comentários:

  1. Boa:
    "(...)protótipos de Rambo."
    A verdade é que o mundo tenta nos fazer protótipos de tudo..percebe ?
    esse seu texto me faz 'acordar' melhor pra minha realidade disciplinar.. haha
    nao que eu nao arrume meu quarto,mas que eu desarrume outras coisas.
    bjao Gui

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  2. Bom cara... hummmm... disciplina eh bom (podem trazer a cruz) eu servi quatro anos a aeronáutica e não me arrependo... rsrs

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  3. Parabéns pelo texto e pelo blog (que já está nos meus favoritos)! :*

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