quarta-feira, 24 de junho de 2009

Crônica: O Beco das Sombras









Olhar fixo e assustado enquanto maneja a tentativa de driblar os elementos. A pobre mulher estava apavorada diante daqueles três rapazes magros e sombrios que tinham intenções visivelmente diabólicas. Um deles estava encapuzado, dois usavam calças justas, e os três tinham os rostos cobertos pela penumbra daquela ruazinha pouco iluminada.


Era um fim de tarde frio naquela capital sulista, já estava escuro e Valdirene voltava do trabalho caminhando distraída na rua até topar com aquilo que o destino havia preparado para seu fraco e debilitado coração.A cirurgia foi há poucos meses e ela não poderia passar por grandes sustos ou emoções fortes. Uma série de restrições foram receitadas pelo Dr. Fernandes que queria dar um mês a mais de licença do trabalho, mas Valdirene insistiu que não. Tinha medo de ser demitida ao retornar de um período muito longo afastada, além do mais, emprego hoje em dia está tão difícil.


Parecia que a vida estava lhe pregando uma peça. Na primeira semana de volta a rotina e se vê totalmente vulnerável numa rua deserta, cara a cara com três malfeitores e sem ninguém por perto pra pedir socorro.


Ela então resolve que não vai deixar ser vítima passiva, afinal foram tantas lutas nos últimos meses e agora mais essa!

- Quem eles pensam que são para tentar tirar o pouco que tenho na minha bolsa? Tudo o que tenho conquistado é tão sofrido, suado. E agora devo entregar tudo assim, de bandeja? Raciocina. A decisão parecer ser clara. Só há algo a fazer: fugir!


Neste momento finge que vai para um lado, mas corre para o outro. Os infelizes fitam seus olhos nos dela, querendo dizer algo. Provavelmente algum discurso típico de bandido para intimidá-la e impedi-la de gritar enquanto realizam seu maléfico crime. Fazem sinais com os braços abertos esticados em sua direção.


- Miseráveis! Nunca vou deixar que me agarrem! - Pensa a indefesa mulher.


Mesmo estando a beira da meia idade e bem fora de forma, ela corre como nunca correu em toda a sua vida. Não olha pra trás nenhuma vez sequer. O trajeto é mantido na mesma velocidade até chegar em casa. 15 quadras depois.Ofegante e a beira de um ataque, Valdirene se encosta nas porta de sala, onde é socorrida por Juliana. Diz as últimas palavras, e morre nos braços da sobrinha vítima do desgaste da corrida.


A família nunca soube ao certo o que aconteceu, o que é uma injustiça. Jamais souberam da verdade sobre os momentos finais dessa verdadeira guerreira que lutou até o último suspiro. Valdirene era brasileira, e não iria desistir nunca.


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Na rua deserta os três jovens, se olham assustados e com uma certa indignação pelo episódio que acabaram de presenciar.


- Meu, que mulher maluca! Que susto que me deu!

- Onde é que já se viu assaltante de calça apertada?

- Vamo voltar logo, vai que tem mais doido pra esses lados sem iluminação.


Dão meia-volta e começam a caminhada de volta pra casa. Na primeira esquina um chuta a latinha de refrigerante jogada no asfalto.


- Humpf! E a gente só ia perguntar onde ficava o cachorro-quente.

- Continuo com fome.


segunda-feira, 27 de abril de 2009

É nóis "Tuíti"!






Se você é um dos fiéis leitores deste espaço e às vezes fica frustrado por só postarmos uma vez por semana, se você gosta do nosso conteúdo e acharia uma boa que expandíssemos nossos assuntos também pra notícias e links interessantes, ou se você queria às vezes ler posts mais curtos com mais dinâmica, mais humor e mais relevância...

"Seus problemas se acabaram-se!"



Mesmo que a grande maioria o utilize pra compartilhar baboseiras internas e pensamentos de pouca utilizade, nós decidimos entrar para a nova modinha da vez. Sim! Estamos no Twitter!
O quê? Você não ainda não sabe o que é Twitter? Então não ouse continuar a leitura desse anúncio antes de ver o vídeo abaixo:



E aí, agora entendeu?
Pra nós o Twitter vai funcionar como um mini blog. Vamos poder postar diariamente novidades, links legais, e informações pra complementar nossa postagem pediódica. Mas calma, isso não vai afetar a publicação semanal dos nossos textos aqui. Quanto a isso pode ficar tranquilo, a intenção é complementar e não desfalcar.

Então se você ainda não tem seu perfil no Twitter, abre lá logo e "follow nóis". Assim pode ler também nossas "baboseiras internas e pensamentos de pouca utilizade".

Para isso clique no banner:


segunda-feira, 20 de abril de 2009

Bate-Bola: Karate Kid V - O Caminho da Disciplina








Quando era criança ficava apavorado com as histórias que ouvia - geralmente do meu pai e tios - sobre como era sofrida, a nada confortável estadia de um jovem alistado no exército. Tais histórias, grossamente exageradas é claro, era o que havia de melhor para os meus carrascos domésticos particulares fazerem aquele terrorismo psicológico no tímido e franzino futuro escritor deste texto. Mas confesso que de todos os elementos que envolviam desde banhos de água gelada de madrugada até tomar sangue de galinha, o pior pra mim, sem dúvida, era ouvir sobre a terrível disciplina cobrada nessa fazenda de criação para protótipos de Rambo.

Aliás, pra nós, mamíferos pensantes, 'o topo da evolução', frases como "organize seus afazeres", "primeiro a obrigação, depois a diversão", "levante mais cedo pra estudar" soam como verdadeiras ofensas e produzem ainda mais vontade de contrariá-las, fala sério...

Só que a coisa pega em uma lacuna que nós, geração coca-cola, sempre esquecemos: resultados a longo prazo. Quem tá acostumado com pipoca de microondas e sorvete expresso no Mc Donald's não gosta muito de pensar em "coisas que demoram pra acontecer" (exceto para alguns ambiciosos quando se fala em dinheiro, forma física e carreira profissional).
Eu pessoalmente, tenho um problema sério em acordar cedo, e fico triste que meu trabalho não tenha adotado ainda o sistema de "deixar a gente entrar na 2ª aula".

Mas sabe... depois de ver muitas das coisas incômodas que meus pais insistiram comigo pra que eu fizesse, dando seus resultados, aprendi que às vezes (não acredito que vou dizer isso) a disciplina pode ser uma boa idéia. Ela é um "encheção-de-saco" pra se adquirir, mas quando já se tem em determinada área, é como ligar no piloto automático. Sei lá, pelo menos acho que é mais prazeroso limpar o quarto por conta própria do que por ameaça de ter a mesada suspensa ou o videogame confiscado. E quem lembra do mané do Daniel San que odiava ficar dando uma de faxineira na casa do mestre Miyagi? O cara quebrou a cara de todo mundo por que aprendeu Karatê limpando janela (pra nós que já ouvimos até fábula de raposa que fala, dá um desconto e fica com a moral da história, ok)!

Sem querer parecer o Pat Morita, mas quando se entende o valor da disciplina, se entende também que dá pra crescer muito mais em diversas áreas que ainda pouco desenvolvidas. Os japoneses - por mais estranhos que sejam - devem quase toda a sua evolução tecnológica-econômica nos últimos 50 anos principalmente a uma cultura que honra a disciplina (tá bom que aquilo lá já é exagero, mas fica de novo com a moral da história).

Hoje vejo que se eu não tivesse persistido, mesmo com os dedos calejando, não teria aprendido violão por exemplo, e fico muito satisfeito por ter sido paciente, essa habilidade a mais já me gerou uma série de benefícios. Comprei agora um teclado e uma flauta, e o jeito vai ser me empenhar nos exercícios mortalmente massantes de dó-ré-mi-fá durante um tempo pra depois usufruir de verdade da habilidade mutante de ter dedos que pensam por si próprios.

Bom, acho que a mensagem do Titio era essa. E lembrem-se crianças, nada de ficar à noite perto da lareira, vão acabar fazendo xixi na cama. Depois de refletir sobre toda essa história, fico pensando que a idéia do alistamento poderia até ter sido uma boa...












Hummm... Pensando bem, acho que não.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Verso e Poesia: A Cadeia de Chronos








Me falta tempo.
Todo dia o relógio com seus grilhões temporais tenta me prender.
Esquematizar e tornar cartesiano aquilo que eu deveria ser.
Ser, viver, fazer, pensar, agir...
Todo o meu tempo o tempo tenta controlar.
Já não bastasse o fato de que a vida é curta e a juventude passageira,
O cronograma tenta o tempo todo me manipular.

Me fatiga o tempo.

Levantar, trabalhar, estudar, comer, dormir, e levantar...
O ciclo sem fim, a prisão aparentemente perpétua.
São 60 minutos, 24 horas, 7 dias, 12 meses e já não sei quantos anos
Me fazem desfalecer os açoites e torturas do impiedoso Chronos.
Se os dias do cotidiano são uma corrida em que compete eu e o meu eu realizado
Ele está me deixando sempre em segundo lugar.
E o pior, cansado de todo santo dia sempre tentar e nada ganhar.

Me frustra a presença do tempo.

Quando eu o tenho, desperdiço com futilidades,
Quando me falta, parece vir toda a inspiração aliada a habilidades.
Ah! Ócio criativo
Como queria ter aproveitado melhor a sua deixa.
Mil e um talentos pulsando dentro de mim
E não há tempo pra usá-los, por isso a minha queixa!
Por que existe, ó Tempo?
Não seria mais simples apenas nos deixar e não mais nos importunar!?
Não sei quanto mais tempo te agüento!

Me confunde o tempo.

O período entre dia e noite parece simplesmente ser relativo
Isso de acordo com a qualidade do tempo que passo.
Se há frustração ou tédio, o dia tem 48 horas,
Quando há diversão e alegria, parece ter 4.
Lento e sofrido é o quinteto "segunda à sexta”,
Mas veloz como uma pestanejada é a duração do fim de semana.
Este é o tempo visto de uma percepção humana
Parece que zomba, prega peças, engana.
E assim segue-se a vida pós-moderna
Com o inalcançável almejo de encontrar nela
Algo além de uma espera quase eterna.

Mas um dia me deixará o tempo.

Os grilhões serão soltos, o ciclo desistirá de existir.
Alcançarei a faixa da realização no fim da corrida
E só me restará sorrir.
Se o descanso que aguardava não viesse e findando assim o cronograma,
Nada teria sentido.
Pra que tanto trabalho e espera
Se no fim o que é cinza não fosse premiado com o seu colorido?
Não sei muitos detalhes quanto à isso,
Mas alguém que subjugou o tempo me prometeu que eu poderia ser atemporal.
Em um lugar onde não há mais lágrimas, fatiga ou frustração
E a euforia não é mais um evento casual

Enfim, neste fim já não haverá mais o chinfrim.

Desilusões no botequim
Brigadeiro trocado por quindim
Livros com termos em latim
Nota vermelha no boletim
Homem de meia-idade com pedra no rim
Nem superpopulação e pobreza em Pequim
E não mais serão lembrados os infinitos dias de expediente na empresa
Notícias sobre destruição da natureza
Criminalidade na redondeza
Nem o dócil lembrará que foi tratado com aspereza
Cessarão os prantos de Tereza
E de Curitiba não se levará a frieza.
No desvanecer do tempo, se findará com ele a sua tristeza.
E será neste clímax do histórico de tempo do universo,
Que traz seu passado e atualidade,
Que aquilo que conhecemos com o frustrante e passageiro tempo,
Será substituído pela primorosa excelência da Eternidade


(Guilherme de Souza Dias)


Sorry, Perdona-me, Traurig, Spiacente, Pardon, Sumimasen, огорченно, θλιβερός...






Pessoal, sentimos muito pela ausência de postagens aqui na semana passada. Por conta de uns contratempos deste editor que vos fala (y otras cositas más) não pudemos postar material novo.
Agora, o lado bom disso foi receber recados de muitos amigos que acompanham semanalmente reclamarem a nossa falta quanto a atualização (nunca pensei que você gostar tanto de receber uma queixa). Me fez ver que pouco a pouco estamos conquistando a simpatia de vocês, e também levar mais a sério a periodicidade do calendário que vai estar sempre nos cobrando coisas novas.
Em suma, voltamos hoje a programação normal e deixamos um pedido:



sexta-feira, 20 de março de 2009

Confissões de William Deiz: Brothers in Arms - Parte 2









Meu nome é William. William Deiz. E esta é a conclusão da história que comecei na última semana:
As batalhas prosseguiram durante os anos e se estenderam naturalmente a novos campos. Visca e Lica se especializaram em diversas outras táticas de guerra como não lavar a louça, promover situações pra me incriminar, mexer na minha coleção de CD's e invadir meu computador.
Sem contar talentos próprios de cada um, como o dele de deixar toalha molhada na minha cama e tênis no meio do chão do quarto (ou da sala. Ou do banheiro). Ela se tornou tão sutil e mortal como Tom Cruise em Missão Impossível. Passou a preferir a execução dos delitos em segredo, sem contar os problemas de arrumação com seu ninho, também conhecido como quarto.
Na época de minha adolescência em que me encontrava num humor um pouco menos 'zen', adorava dar aqueles socos à la Rocky Balboa de TPM nos ombros dos dois. Produzia depois de alguns segundos um efeito terapêutico - em mim, obviamente.

Porém, existem tréguas temporárias que se dão naquelas raras coisas que descobrimos ter em comum. Videogames, seriados, música e filmes na TV, em geral estabelecem um padrão de gosto muito parecido entre os três, o que sempre nos deu alguns minutos sem contradições. Haja multimídia...

Creio que todo lugar onde há pessoas diferentes convivendo juntas, há uma probabilidade de 'divergências de opiniões', e comigo convivendo com aqueles dois não seria diferente. Claro, que ás vezes temos nossos excessos, mas a ausência de conflitos se torna mais presente com a lenta chegada da maturidade. Um amigo disse que quando se mudou pra outra cidade, onde estuda, o irmão menor começou a sentir sua falta, e quando ele voltava a sua cidade natal pra visitar, as brigas não aconteciam mais. Ambos começaram a se valorizar. Pensei em me mudar de cidade, mas desisti quando imaginei que poderia soar como exagero para alguns.
Enfim, acho que um dia a gente vai crescer. "Tomar juízo", entender melhor essa questão do respeito mútuo - pelo menos eu preciso acreditar nisso.

Voltando a questão inicial do primeiríssimo parágrafo do primeiro capítulo deste monólogo, você poderia me perguntar se eu mudaria tudo isso se pudesse, e escolheria ter sido filho único. E eu te responderia: "Absolutamente não". Por mais diferenças que tenha com ambos, amo demais os pirralhos. E vai se ver comigo quem tocar em algum deles - só eu posso fazer isso.



Nota do Narrador: O conteúdo deste texto, tal como a existência desse blog é de total desconhecimento dos nanicos. Peço a ajuda e compreensão de todos para que tudo permaneça assim. Afinal, enquanto estamos em guerra, não dá pra bancar o vulnerável...


quinta-feira, 12 de março de 2009

Confissões de William Deiz: Brothers in Arms - Parte 1








Meu nome é Willliam. William Deiz. Sou alguém que sempre imaginou como deve ser um paraíso a vida de filho único. Se você é o unigênito de seus pais e vive triste porque não teve um irmãozinho, é melhor pensar duas vezes, meu chapa. Usufruí dessa mamata por quatro anos, e só lamento não ter tido consciência o bastante pra entender que fase maravilhosa eu estava curtindo. O fim da festa se deu com o nascimento da minha irmã. Só que ela teve complicações de saúde, uma pneumonia pra ser mais exato. Meus pais, que na época não tinham muita condição de arcar com as despesas de saúde e nem tempo pra cuidar dela, visto que ambos trabalhavam, aceitaram a proposta de minhas tias-avós de deixarem a Lica passar uma temporada com elas. Creio que isso durou uns 2 ou 3 anos. Com esse imprevisto, o mimo que era meu por direito de primogenitura, continuou sendo meu por mais um certo tempo, afinal, ela se tornou xodó oficial de minhas parentas que moravam longe e me poupou esforços de tirá-la do caminho por alguns anos.

Todo esse meu estratagema maquiavélico sobre competição, obviamente era subconsciente (acho que Freud ou algum outro teórico traumatizado da Psicologia explica isso). Na minha inocência (ingenuidade, estupidez ou que preferir chamar) de criança, eu queria companhia, e pedia pros meus pais frequentemente pra me darem logo um irmãozinho, alguém pra brincar comigo. Minha vó sempre dizia pra mim que as crianças nasciam devido a um processo em que consistia na plantação de uma sementinha por parte de meu pai, na barriga da minha mãe. Eu, como não entendia muito de agronomia na época, nem pedi muitos detalhes já imaginando que não entenderia muito além disso, e achei que a demora da chegada do irmãozinho estava sendo causada por alguma falta no estoque das tais sementes no armazém da esquina.

No início de 93, eu morava com os meus avós, longe da casa de meus pais por questões de estudo (e pra entender melhor com eles essa questão da plantação, já que meu avô tinha como hobbie cultivar hortas no quintal da casa). Recebi então a notícia que meu irmãozinho estava por vir finalmente, e que isso se daria próximo do meu aniversário. Com um dia de atraso, mais especificamente 7 de outubro, o Visca chegou, e já não via a hora de ir conhecê-lo na casa de meus pais. Creio que este primeiro encontro, foi a infeliz causa de vários dos problemas crônicos desencadeados na sequência.
Ao me chamarem pra entrar no quarto e ver aquele protótipo de gente peladinho e de barriga pra cima na cama, esbocei um sorriso e soltei algumas frases clichês que sempre ouvia dos adultos do tipo: "Que bonitinho" ou "Olha só como parece com o Pai". O erro fatal foi ter me aproximado pra vê-lo de perto. O safado não abre sua torneirinha recém-nascida e despeja um jato de urina em mim a quase 1,5m de distância...
Molha todo o meu short, sujando também meus pés e fazendo o meu Maquiavel subconsciente acionar o alarme vermelho que sinaliza "Isso significa guerra!"
Desde esse fatídico episódio, minha infância foi marcada por batalhas terríveis contra o moleque, que encontrou em minha irmã - agora bem saudável e gordinha - uma aliada nas disputas bélicas. Brinquedos feitos reféns e destruídos, chantagens utilizando choros falsos, sabotagem de revistas em quadrinhos, paredes do quarto rabiscadas e todo tipo de jogo sujo que pudesse ser feito era executado pela dupla pra me derrubar, qualquer que fosse o território. Por um tempo achei que isso era coisa da idade, que tudo melhoraria e passaria rápido... Quanta ingenuidade da minha parte...



(Continua na próxima semana...)



quarta-feira, 11 de março de 2009

Inaugurada nossa comunidade no Orkut






Meu povo, acaba de entrar no ar a nossa comunidade no Orkut do Memórias de uma Juventude em Crise. O objetivo é comentar o que é postado aqui, discutir assuntos, criticar, sugerir temas pra entrarem aqui, em suma: Subir no caixote e deixar o seu recado!

Queremos a sua total interação ok?

Entra lá agoooooora!

Pra acessar a comunidade clica aqui




quinta-feira, 5 de março de 2009

Bate-Bola: Chorando por um Brinquedo







A cena clássica da criança chateada com os pais porque eles não deram a ela o brinquedo que queria é realmente comum pra qualquer observador, e não precisa nem ser dos bons. Acho que qualquer filho já passou por isso (por mais que tenha um histórico de pimpolho obediente). Espernear, fazer bico, até a corridinha 360° colado no chão à la Homer Simpson está na ficha corrida de qualquer criança da sociedade urbana (e não me venha com essa história de que era compreensivo).

Os pais responsáveis geralmente manterão a postura, mesmo se a decisão de não dar o brinquedo fosse mudar mais tarde "o moleque não pode achar que ganhou a parada só porque se desgrenhou a chorar". Pais bocós menos firmes vão ceder de acordo com a intensidade do barraco promovido pelo sem-vergonha mirim.

Mas não é da atitude dos pais que queria falar. A idéia é analisar a criança chorona, e vermos que temos mais dela do que imaginamos. Já parou pra pensar a quantidade de vezes que (metaforicamente na maioria das vezes) esperneamos, fazemos bico e corridinhas Homer Simpson por coisas que 'queremos por que queremos' e não temos na hora?

A transição da adolescência pra fase adulta nos faz sofrer mudanças profundas, e produz (ou pelo menos deveria) uma visão um pouco mais madura das coisas. Vemos então que pode ser não tão divertido 'ser dono do próprio nariz', que dirigir pode te fazer responsável por um acidente, que obter maioridade te faz vulnerável a prisão, que ter o próprio dinheiro te faz ter as próprias contas, que sair do colégio pra começar faculdade vai ser muito menos 'mágico' do que se imaginava, e que iniciar e manter um relacionamento entre homem e mulher requer mais que 'gostar' de quem está ao lado. Então a população adulta do mundo inteiro parece pronunciar em uníssono aquela miserável expressão em 19827 idiomas e com direito a tecla sap: "Eu te avisei".

Muitas vezes o brinquedo que a criança queria era um daqueles aviõzinhos de controle remoto que ainda não estaria apta apilotar, ou um videogame desenvolvido demais pra sua idade e que geraria frustração por não conseguir jogar, ou simplesmente um brinquedo de qualidade inferior em relação ao que seus pais a dariam num futuro próximo. De vez em quando ainda me pego fazendo escandâlos com Deus pra ganhar meus 'aviõezinhos'. Acho que as vezes eu encho tanto o saco que Ele até me deixa fazer uns test-drives, e consequentemente explodir num poste depois de arrancar a peruca do tiozinho de bengala que passava. Parece que só assim as vezes pra gente aprender.

Pedi tanto uma coisa e acabei quase vendo sua realização outro dia. Não era tempo ainda. Quando me dei conta que estava tão perto de alcançar, senti tanto medo! Um nó no estômago daqueles. Parecia que Ele me olhava com um sarcasmo santo - e dizia: "E aí? Vai encarar ou não tá mais a fim?" E lá se foi meu ego ferido pedir por um band-aid.

Obter maturidade talvez seja saber esperar o tempo certo de ganhar o brinquedo tão obsessivamente desejado. Parar de forçar a barra e entender que certas coisas não vem porque ainda não estamos prontos pra lidar com elas. É um benefício, não uma privação. Acho melhor curtir bastante meus hot-wheels de plástico antes que chegue o tempo de começar a comprar pilhas pro controle remoto.


quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Manual de Uso do Blog







É isso aí pessoal, feitas as introduções vamos ao que interessa. Mas antes de começar com os posts, preciso sinalizar com legendas e um rápido tutorial que tipo de material vai ser postado aqui. Abaixo as classificações de cada texto e a seguir sua descrição. Lembrando que essas indicações serão sempre encontradas abaixo de cada post nos chamados "tags", pra que ao você clicar na marcação exibida seja direcionado as outras publicações do mesmo gênero.

Bate-bola: São monólogos, introduções e idéias a serem transmitidas de forma direta e bem dinâmica pra você que acompanha o espaço. Em outras palavras são em grande parte, os textos base da discussão aqui.

Interlúdio: São aquelas interrupções chatas, porém necessárias, pra dar avisos, complementos ou qualquer outra baboseira que este que vos escreve precise comunicar de maneira mais informal e sem frescura.

Confissões de William Deiz: Esse sujeito é um personagem que nos vai confidenciar todas as maluquices, problemas e experiências que ele têm passado, que com certeza, são as mais comuns no nosso meio. Tudo isso sem medo de falar o necessário ou quebrar tabus pra dizer o que precisa ser dito.

Verso e poesia: Trabalhar com o lado artístico das palavras é sempre uma maneira mais leve de transmitir idéias, então por que não usá-la? Acho que não preciso descrever qual o formato de texto vamos apresentar nessa classificação né?

Crônicas: Seguindo a mesma temática que dá o título a este espaço internético, vamos ter também aqui narrativas de histórias em ordem cronológica, em outras palavras crônicas.

Multimídia e parafernalhas: Aqui vão os vídeos, músicas, imagens e tudo quanto é bagulho que colabore de alguma forma pra ilustrar o cerne de nossas discussões.


É provável que no futuro surjam outras seções diferente aqui no blog, mas por hora vamos ficar com estes. Agora que tá tudo esclarecido, já podemos começar. Preciso lembrar também que os comentários, críticas, sugestões e dúvidas serão muito bem-vindos e respondidos na medida do possível. Bom, é isso, se liga e acompanhe toda semana as novas publicações em www.juventudeemcrise.blogspot.com