quinta-feira, 12 de março de 2009

Confissões de William Deiz: Brothers in Arms - Parte 1








Meu nome é Willliam. William Deiz. Sou alguém que sempre imaginou como deve ser um paraíso a vida de filho único. Se você é o unigênito de seus pais e vive triste porque não teve um irmãozinho, é melhor pensar duas vezes, meu chapa. Usufruí dessa mamata por quatro anos, e só lamento não ter tido consciência o bastante pra entender que fase maravilhosa eu estava curtindo. O fim da festa se deu com o nascimento da minha irmã. Só que ela teve complicações de saúde, uma pneumonia pra ser mais exato. Meus pais, que na época não tinham muita condição de arcar com as despesas de saúde e nem tempo pra cuidar dela, visto que ambos trabalhavam, aceitaram a proposta de minhas tias-avós de deixarem a Lica passar uma temporada com elas. Creio que isso durou uns 2 ou 3 anos. Com esse imprevisto, o mimo que era meu por direito de primogenitura, continuou sendo meu por mais um certo tempo, afinal, ela se tornou xodó oficial de minhas parentas que moravam longe e me poupou esforços de tirá-la do caminho por alguns anos.

Todo esse meu estratagema maquiavélico sobre competição, obviamente era subconsciente (acho que Freud ou algum outro teórico traumatizado da Psicologia explica isso). Na minha inocência (ingenuidade, estupidez ou que preferir chamar) de criança, eu queria companhia, e pedia pros meus pais frequentemente pra me darem logo um irmãozinho, alguém pra brincar comigo. Minha vó sempre dizia pra mim que as crianças nasciam devido a um processo em que consistia na plantação de uma sementinha por parte de meu pai, na barriga da minha mãe. Eu, como não entendia muito de agronomia na época, nem pedi muitos detalhes já imaginando que não entenderia muito além disso, e achei que a demora da chegada do irmãozinho estava sendo causada por alguma falta no estoque das tais sementes no armazém da esquina.

No início de 93, eu morava com os meus avós, longe da casa de meus pais por questões de estudo (e pra entender melhor com eles essa questão da plantação, já que meu avô tinha como hobbie cultivar hortas no quintal da casa). Recebi então a notícia que meu irmãozinho estava por vir finalmente, e que isso se daria próximo do meu aniversário. Com um dia de atraso, mais especificamente 7 de outubro, o Visca chegou, e já não via a hora de ir conhecê-lo na casa de meus pais. Creio que este primeiro encontro, foi a infeliz causa de vários dos problemas crônicos desencadeados na sequência.
Ao me chamarem pra entrar no quarto e ver aquele protótipo de gente peladinho e de barriga pra cima na cama, esbocei um sorriso e soltei algumas frases clichês que sempre ouvia dos adultos do tipo: "Que bonitinho" ou "Olha só como parece com o Pai". O erro fatal foi ter me aproximado pra vê-lo de perto. O safado não abre sua torneirinha recém-nascida e despeja um jato de urina em mim a quase 1,5m de distância...
Molha todo o meu short, sujando também meus pés e fazendo o meu Maquiavel subconsciente acionar o alarme vermelho que sinaliza "Isso significa guerra!"
Desde esse fatídico episódio, minha infância foi marcada por batalhas terríveis contra o moleque, que encontrou em minha irmã - agora bem saudável e gordinha - uma aliada nas disputas bélicas. Brinquedos feitos reféns e destruídos, chantagens utilizando choros falsos, sabotagem de revistas em quadrinhos, paredes do quarto rabiscadas e todo tipo de jogo sujo que pudesse ser feito era executado pela dupla pra me derrubar, qualquer que fosse o território. Por um tempo achei que isso era coisa da idade, que tudo melhoraria e passaria rápido... Quanta ingenuidade da minha parte...



(Continua na próxima semana...)



4 comentários:

  1. Que mira desse moleque!! Que triste esperar com tanto afeto no coração a chegada tão esperada, e levar um jato de urina como a primeira demonstração de afeto! grrrr

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  2. é engraçado como a gente passa tanto tempo pedindo e esperando por algo..e percebe que não é tudo aquilo que a gente esperava..mas nada que o tempo não possa mudar.

    *sei bem como é isso ! hahaha
    bjao Gui

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  3. hahahha eu e meu irmao! pelo menos hj nos damos super bem! xP

    ta mto bom o blog gui! parabens!!

    bjos, Nat!

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  4. Como eu não entendia muita coisa de agronomia também, e a história da sementinha era a mesma, fui com a prima buscar a tal semente no mercado, corremos para o corredor do feijão, e nada! Que trauma!

    A propósito eu sou filha única, e sim, você está errado! hahaha

    Vou escrever um texto pra combater o teu!

    hehe, beijo!

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